Alguns prefeitos ficaram preocupados com o discurso do senador Renan Calheiros (MDB) durante evento do governo de Alagoas em Rio Largo, no domingo passado (28/5).
A versão que correu em vários veículos de comunicação é de que ele teria generalizado acusações de lavagem de dinheiro em várias prefeituras de aliados de Arthur Lira. Em vários casos, os prefeitos que mantém proximidade com o presidente da Câmara dos Deputados também são aliados de Renan ou do governador Paulo Dantas.
Um influente interlocutor, com trânsito em vários partidos, discorda. “Eu estava lá, no palco, e não vi o Renan generalizar. Ele foi cirúrgico, apontando suas acusações para a prefeitura de Maceió e de Rio Largo e para o Hospital Veredas”, resume.
O que Renan disse, textualmente, é que Arthur Lira “privatizou” a prefeitura de Maceió, indicando seis secretarias (incluindo Saúde e Educação), assumindo 60% do orçamento do município.
Renan também insinuou que Lira teria “lavado” dinheiro do orçamento secreto (RP9) nestas duas prefeituras, além de recursos públicos no Veredas.
A maior preocupação de alguns prefeitos – alguns deles tem procurado o senador e seus aliados para expor o seu temor – é. se tornar alvo de operações da Polícia Federal ou de investigações do Ministério Público Federal.
“O Renan conversou com alguns prefeitos depois do episódio em Rio Largo e disse que não sabia da operação realizada pela PF esta semana no Estado. Neste caso, o que ele fez, além das denúncias, foi tentar abrir uma CPI no ano passado, mas não teve sucesso em função da posição do Rodrigo Pacheco (presidente do Senado)”, aponta o interlocutor.
Depois da operação da PF, Renan Calheiros silenciou sobre o tema. Ao que parece, ele prefere esperar pelo desdobramento das apurações.
Sabe o que fala
A outro interlocutor, Renan disse que não teme ser processado por Arthur Lira, no episódio de Rio Largo. “Ele disse que sabe o que está falando”, resume o interlocutor.
Sem multa
Arqui-inimigos políticos, Renam e Arthur colecionam processos um contra o outro. Nessa sexta-feira (02/6) Tribunal de Justiça do Distrito Federal TJDFT) negou um pedido de indenização feito por Arthur contra Renan.
Lira acionou a Justiça alegando que foi ofendido por Renan em postagens nas redes sociais. A juíza Margareth Becker, no entanto, entendeu que houve troca de ofensas mútuas, e que por isso, não cabia indenização. A decisão é de primeira instância e cabe recurso.
“[…] evidenciando que na adversidade político-eleitoral que propagam foram desrespeitosos e ambos extrapolaram o direito constitucional à livre manifestação do pensamento, em igual proporção, de forma que as agressões se anularam e esvaziaram a finalidade do instituto jurídico, qual seja, responsabilizar a parte ofensora pelo ilícito praticado”, escreveu na sentença.
A juíza Margareth Becker também entendeu que “agressões verbais, perpetradas de forma recíproca, não tem o condão de gerar dano moral indenizável, conquanto a irregularidade da conduta dos envolvidos afasta o dever de indenizar”.
Fonte – Blog do Edivaldo Júnior