Milhões de aposentados e pensionistas tiveram, por anos, parte de seus benefícios descontados sem autorização — um rombo silencioso que agora ganha holofotes. Nesta quarta-feira (23), a Polícia Federal deflagrou a Operação Sem Desconto, revelando um esquema bilionário de cobranças ilegais envolvendo entidades associativas e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo e figura entre os investigados.
A operação mobiliza agentes em 14 unidades da federação, incluindo o Distrito Federal, e cumpre mais de 200 mandados de busca e apreensão, além de seis prisões temporárias e bloqueios de bens superiores a R$ 1 bilhão.
Segundo a investigação, entidades firmaram convênios com o INSS sob a promessa de oferecer benefícios como assistência funerária e planos de saúde. No entanto, os valores eram debitados diretamente da folha de pagamento dos segurados, sem que houvesse autorização expressa — prática que teria se iniciado em 2019 e continuado nos anos seguintes, inclusive durante a atual administração federal.
A estimativa é que, ao longo de cinco anos, os descontos indevidos tenham somado R$ 6,3 bilhões. Muitos segurados só perceberam os prejuízos após consultar extratos detalhados e, em inúmeros casos, recorreram à Justiça.
Os crimes investigados incluem corrupção, organização criminosa, falsidade documental, violação de sigilo funcional e lavagem de dinheiro. A sede do INSS, em Brasília, foi alvo direto da operação, assim como membros da cúpula da autarquia.