O anúncio da abertura de 11 novas faculdades de Medicina em cidades do interior de Alagoas até o fim deste ano acendeu um sinal de alerta no Sindicato dos Médicos do estado (Sinmed/AL). A entidade teme que a expansão acelerada da oferta de cursos ocorra sem o devido controle de qualidade, colocando em risco a formação dos futuros profissionais da saúde.
Entre as cidades que já se preparam para receber novos cursos estão Penedo, Coruripe, Feira Grande, Campo Grande, Coité do Nóia e Arapiraca — esta última, inclusive, ampliando o número de vagas já existentes. Em Penedo, por exemplo, o curso recém-autorizado já divulgou a oferta inicial de 60 vagas.
Para a presidente do Sinmed/AL, Sílvia Melo, o movimento de expansão preocupa por não priorizar a estrutura necessária para garantir um ensino de qualidade. A ausência de hospitais de referência para as atividades práticas e a falta de fiscalização mais rígida sobre os novos cursos estão entre os principais pontos criticados pelo sindicato.
“Somos contra porque não sabemos os parâmetros e qualidade do ensino médico. As autoridades deveriam se empenhar na qualidade dos cursos existentes, ao invés de facilitarem a abertura desses empreendimentos”, afirmou a presidente do Sinmed.
Na avaliação de Sílvia Melo, o interesse comercial por trás das novas faculdades supera a preocupação com a formação adequada dos médicos. “Grandes redes privadas estão dispostas a investirem nesse nicho visando alta lucratividade, sem compromisso com vidas humanas e desenvolvimento científico”, lamentou.
Ela também chama atenção para a necessidade de respostas claras sobre a estrutura desses cursos: “Quem garante a qualidade da formação acadêmica nessas instituições? Como será a prática médica? Haverá estágio supervisionado por especialistas capacitados? Quais os critérios estabelecidos para implantação dos cursos nos municípios contemplados com o negócio? Enfim, o fato é que, em se tratando de formação médica, não cabe improviso, muito menos interesses escusos”, destacou.
Para o sindicato, mais importante que multiplicar o número de vagas seria investir na melhoria dos cursos já existentes, garantindo um padrão de excelência na formação dos futuros médicos — profissionais que, ao final da graduação, terão nas mãos a responsabilidade de cuidar da vida das pessoas.