A indicação de Arthur Lira (PP-AL) como relator do projeto de reforma do Imposto de Renda é vista por aliados como uma jogada estratégica para manter o ex-presidente da Câmara em evidência enquanto persistem as incertezas sobre a federação entre o PP e o União Brasil.
Segundo apuração da Coluna do Estadão, há um acordo político para que Lira assuma a presidência da futura federação. No entanto, entraves regionais envolvendo o União Brasil ainda travam o avanço das negociações. O impasse preocupa o PP, que vê na federação uma forma de fortalecer sua posição no Congresso. Procurado, Arthur Lira preferiu não comentar o assunto.
A visibilidade na cena política nacional é fundamental para os planos de Lira, que pretende disputar uma vaga no Senado em 2026. Nos bastidores, aliados cogitaram para o deputado outras possibilidades de projeção, como um eventual comando do Ministério da Agricultura, a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ou a relatoria do Orçamento de 2026. Nenhuma delas, porém, avançou.
Diante da indefinição, a relatoria do projeto do IR desponta como novo trunfo. A proposta, que aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, é considerada prioridade do governo Lula para recuperar popularidade. Escolhido pelo atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para conduzir a tramitação da matéria, Lira ganha mais espaço político e prestígio. Para interlocutores, ele terá inclusive mais margem de diálogo direto com o Palácio do Planalto.
Enquanto isso, o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, já anunciou publicamente a intenção de se federar com o União. No entanto, o presidente do UB, Antonio de Rueda, ainda tenta contornar resistências em estados como Acre e Paraíba. Apesar de aliados garantirem que os entraves estão “99,5%” resolvidos, ainda não há previsão de anúncio oficial. A principal divergência envolve o controle dos diretórios regionais, já que os partidos federados devem atuar em bloco pelos próximos quatro anos.
Fonte: Jornal Extra